sábado, dezembro 30, 2006

Feliz 2007 pa nós tud!

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sexta-feira, dezembro 29, 2006

Quem morre?



Morre lentamente,
quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,
quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente,
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto sobre o branco e
os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente,
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, seu amor,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço um pouco maior que o simples facto de respirar.

Pablo Neruda

P.S. Dedicado a todos os alunos que terminaram o Atelier dos 4 elementos

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sexta-feira, dezembro 22, 2006

Téspis: o primeiro actor



Mesmo com todas as inovações, a história do Deus continuava sendo narrada, sempre na terceira pessoa, com muito respeito e distanciamento. Até que em 534a.C., um corifeu chamado Téspis, resolve encarnar o personagem Dioniso, e transforma a narração, num discurso referido na primeira pessoa. Nasce o primeiro actor!

"Eu sou Dioniso" – diz Téspis, considerado historicamente o primeiro actor.

Conta-se que Sólon, famoso legislador grego, assistindo à nova proposta de Téspis, perguntou-lhe se ele não se envergonhava de mentir, fingindo ser alguém que de facto não era. Ao que Téspis respondeu, dizendo:- Mas eu estou apenas a brincar.

Sólon, muito preocupado, argumentou, dizendo:- Mas a partir de agora as pessoas também poderão mentir / brincar nos contratos. Neste curto diálogo entre Téspis e Sólon podemos perceber o carácter de jogo e de brincadeira (que Sólon chama de mentira), sempre inerente ao trabalho do actor.

No início da história o actor foi chamado de Hypocrités (hipócrita), ou seja, aquele que finge ser alguém que não é.



Actor, em grego, era hypocrites («o respondente»), e isto porque respondia ao coro. Téspis, actor de Icária (um dos primeiros baluartes do culto de Dioniso), foi o primeiro a fazer isto, e ainda há quem por vezes chame tespianos aos actores. Como o actor usava uma máscara, a palavra hypocrite veio mais tarde a significar uma pessoa dúplice - alguém que se faz passar pelo que não é. O teatro tem tido sempre o duplo carácter da sinceridade e do fingimento.

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O Coro no Teatro Grego



Desde o teatro grego, coro designa um grupo homogéneo de dançarinos, cantores e narradores, que toma a palavra colectivamente, para comentar a acção, à qual são diversamente integrados.

Assim, a tragédia grega teria nascido do coro de dançarinos mascarados e cantores, o que demonstra a importância deste grupo de homens que, aos poucos, deu forma às personagens individualizadas, depois que o chefe do coro instaurou o primeiro actor, que pouco a pouco se pôs a imitar uma acção. Ésquilo, e depois Sófocles, introduziram um segundo e um terceiro actor. O coro trágico, disposto num rectângulo, compreende uma dúzia de coreutas, ao passo que o coro da comédia utiliza até vinte e quatro pessoas O coro divide-se em semi-coros que passam a dialogar entre si. Estes semi-coros passam a ter um líder – o corifeu.

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quarta-feira, dezembro 20, 2006

Os alunos apresentam-se




Em pleno Atelier dos 4 elementos eis os alunos do 12º Curso de Teatro do CCP - ICA!

Em cima: Alex, Paty, Sara, Debi, Natasha, Marilú, Majú, Saci, Shaka, Karina, Amélia, Manú e Hivani

Em baixo: Jair, Gui, Luis, Cleide, Larissa, Ivanildo e Ida


Para mais tarde recordar...

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Reflexões Teatrais 04



«O teatro não é uma arte individual, é uma arte colectiva. No teatro não se pode trabalhar sozinho. E ainda bem. O teatro ensina a viver. A viver com os outros e para os outros.»

«Percebi que trabalhar no teatro não era só viver em grupo, era trabalhar para toda a gente, apresentar-se em público, intervir, tentar fazer de toda a sociedade o nosso grupo.»

Luis Miguel Cintra - encenador

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segunda-feira, dezembro 18, 2006

Glossário Teatral: letra B



BAIXA – Diz-se da parte do palco mais próxima da boca de cena.

BAMBOLINA – Faixa de pano, geralmente flanela preta, que une na parte superior as pernas dos rompimentos. A bambolina régia é suspensa imediatamente atrás do quadro do proscénio, regulando a altura da boca de cena.

BANDA SONORA – Diz-se do alinhamento de sons apresentados num espectáculo.

BARROCO - Diz-se de um estilo caracterizado pela liberdade de formas e a profusão de ornamentos.

BASTIDORES – Coxias.

BENGALA – Acção ou fala que o actor constrói para se apoiar na interpretação.

BLACK-OUT – Expressão inglesa que designa o escuro total, no palco e na sala.

BOCA DE CENA – A abertura de cena regulada pela bambolina régia na altura e pelos reguladores na largura.

BRANCA – “Ter uma branca”. Lapso de memória de um actor.

BUCHA – Palavra ou frase improvisada, geralmente espirituosa, que o actor insere nas suas falas.

BURLESCO - forma cómica exagerada e de paródia, empregando expressões triviais para travestir personagens e situações heróicas; a epopeia burlesca aparece em França no século XVIII. No seculo XX, o burlesco encontra a sua prefeita expressão em certos filmes cómicos (ex:Charlie Chaplin, Buster Keaton) e nos espectáculos de “music-hall”.

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Teatro na Grécia Clássica

O próprio significado da palavra teatro tem referência a sua forma física original, podemos traduzir como: contemplo, vejo, visão por onde se vê um espectáculo. O teatro grego era um verdadeiro edifício, e seu tecto era o céu azul. As apresentações ocorriam durante o dia, dependendo sobretudo, do clima para serem confirmadas e realizadas. Conforme vemos na figura abaixo, todos os detalhes eram estudados para que o público não perdesse qualquer parte dos espectáculos.

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História do Teatro: para saber mais

Aqui está uma boa informação para quem quer saber mais sobre história do teatro e não tem problemas em dominar a língua inglesa.



Um site muito completo, sobre praticamente todos os aspectos da história do teatro, de todas as paragens.

O endereço:

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Teatro Grego: Arquitectura III


Aqui ficam algumas imagens com respectivas legendas, para um melhor entendimento da arquitectura do Teatro Grego.

Figura A: perfil (corte) do teatro clássico Grego




Figura B: esquema do teatro clássico Grego, com legenda

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Teatro Grego: Arquitectura II



Pela planta baixa dos antigos teatros gregos, podem-se visualizar as seguintes partes:

  • Ao centro, a orchestra, uma espécie de esplanada circular, sobre a qual evoluía o coro, que entra pelos corredores laterais, os páradoi.

  • Abrangendo metade deste círculo, encontra-se o théatron, destinado aos espectadores, um conjunto de degraus dispostos em hemiciclo, divididos em secções radiais e andares, por patamares horizontais.

  • Em frente ao théatron, encontra-se a skéne, uma espécie de construção que se destinava inicialmente a guarda de material e à mudança de roupa dos actores. Depois imaginou-se dotar este edifício de uma parede com várias partes para figurar a fachada exterior da habitação onde transcorria a acção. Nasce, assim, o cenário teatral. Mais tarde, pinturas apropriadas apostas a esta parede passaram a sugerir os cenários cada vez mais arrojados pela concepção do dramaturgo.

  • Ao longo da skéne, estende-se uma passarela denominada proskénion, com três a quatro metros de altura, onde, pensa-se, actuavam os actores. Pode-se dizer que existia entre os espectadores a mesma desigualdade vigente entre a população cénica – actores, coreutas e figurantes: no théatron há as arquibancadas para o público comum e lugares especiais para convidados especiais.





    Alguns teatros tinham capacidade para 5.500 pessoas (Delos); outros, para 14.000 (Epidauros).

    As dimensões deste edifício dão prova da sua popularidade e da sua integração nos hábitos sociais e políticos dos gregos, incrustando algumas das suas contradições na sua própria arquitectura.
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Teatro Grego: Arquitectura I



Théatron: “lugar de onde se vê



Para poder realizar-se este novo género estético foi necessária a criação de um espaço arquitectónico específico, ao ar livre, o que possibilitava um nível de confronto muito favorável às manifestações espontâneas do público e o aproveitamento de todas as horas do dia iluminado para a realização das encenações.

A construção do teatro grego geralmente se integrava ao complexo de edificações onde se situavam os templos e estádios desportivos, aproveitando a encosta de colinas, para que se garantisse o efeito acústico.

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quinta-feira, dezembro 14, 2006

Dionysus





Dioniso: Deus da Vegetação e do Vinho – morre violentamente, mas retorna à vida. Assim, como toda a semente que passa uma parte do ano debaixo da terra, Dioniso morre, renasce, frutifica, torna a morrer e retorna ciclicamente. A sua história reproduz as estações do ano: a época de semear, de esperar a semente germinar e finalmente, a colheita.

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O Culto a Dionísio




Dioniso, deus da vegetação e do vinho, era homenageado pelos primitivos habitantes da Grécia, através de procissões que procuram relembrar toda a sua vida. Estes cortejos reuniam toda a população e eram realizados na época da colheita da uva, como uma forma de agradecimento pela abundância de vegetação. O homem primitivo acreditava que esta homenagem ao deus garantiria sempre uma colheita abundante.

Nestas procissões dionisíacas contava-se a história de Dioniso, de uma forma análoga às procissões da Semana Santa cristã, onde a vida, a paixão e a ressurreição de Jesus Cristo é relembrada.

Estas procissões fazem parte de uma tradição muito antiga dos povos primitivos gregos, e aos poucos, ao longo de centenas de anos, vão-se organizando melhor, e adquirindo contornos mais definidos. Então, o que inicialmente era um bando de gente cantando e dançando, com o passar do tempo vai-se transformando em grandiosas representações da vida do Deus, que reunia toda a comunidade, em diferentes coros cantados.

Mais tarde, estas representações dançadas passaram a ter lugar num teatro especial dedicado a Dioniso. Como parte deste espectáculo, um «coro» de homens cantava e dançava. Este coro era a evolução do antigo desfile de foliões, mas no decurso do tempo o número dos seus componentes foi limitado a 15. As mulheres não tomavam parte destas actividades, que eram próprias dos cidadãos - e as mulheres atenienses não podiam ser cidadãs.

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Da Mitologia ao Teatro



Podemos comparar o homem primitivo a uma criança que acredita em diversas histórias que tentam explicar o mundo e os seus fenómenos naturais. Até hoje, quando vivemos um espantoso avanço tecnológico e científico, que nos permite um extraordinário conhecimento e controle da natureza, não conseguimos explicar muitos dos mistérios da natureza. Imagem há milhões de anos atrás!

O homem primitivo, completamente ignorante, perdido e assustado, começa, então, a criar histórias que vão tentar explicar o mundo e a vida. É através destas histórias que ele tenta compreender e controlar a natureza, a vida, a morte, o nascimento, a fertilidade do solo, a origem do universo, que para ele eram obra dos deuses. Ao conjunto destas histórias damos o nome de mitologia.

Uma das mitologias mais conhecidas de todo o mundo é a cristã que conta no seu famoso livro, a Bíblia, a história da criação do mundo, do nascimento, vida, paixão, morte e ressurreição de um dos seus principais mitos, Jesus Cristo, além de muitas outras histórias paralelas.

No nosso caso, que estamos a começar o estudo da História do Teatro Ocidental, a mitologia que nos interessa é a grega, porque é daí que vai surgir o Teatro, enquanto actividade estruturada e institucionalizada.

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terça-feira, dezembro 12, 2006

Cartaz de Teatro



Peça: «A Invasão do Lixo»

Grupo de Teatro: Teatro Infantil do Mindelo
Dia: 14 de Dezembro - quinta-feira / 10:30 horas
Local: Centro Cultural do Mindelo

Entrada gratuita para os alunos do XII Curso de Iniciação Teatral

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Grandes Nomes do Teatro Universal 03



Louis Jovet
(1887 – 1951)

Actor e encenador francês. A sua carreira artística, das mais importantes do teatro europeu contemporâneo, confirma-se definitivamente a partir de 1934. Jouvet interessou-se particularmente por Moliére. A encenação e a decoração estilizada de “A Escola de Mulheres” influenciaram grandemente a cena contemporânea.

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Grandes Nomes do Teatro Universal 02



Jerzy Grotowski
(1933 – 1999)

Encenador e teórico. A sua importância na história do teatro do século XX é inquestionável, tendo sido um dos principais defensores da partilha do mesmo espaço entre actores e espectadores. Para ele, o espectador recebe o desafio do actor, sente a sua respiração, mas a sua participação é passiva. Defende um treino para o actor intenso e físico Autor do livro «Para um Teatro pobre».

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Grandes Nomes do Teatro Universal 01



Peter Brook
(1925 - )

Encenador, é uma das peças chave para a compreensão do teatro no século XX. Quanto mais o teatro expande os seus limites e uma nova consciência do fenómeno teatral se consolida, mais evidente se torna a influência deste encenador inglês radicado em França, sobre todo o mundo do teatro, em todas as latitudes. Autor do livro «O Espaço Vazio».

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História: da dança ao drama




A Dança, que é a linguagem do corpo, nasceu com os primeiros passos humanos. A dança foi o primeiro de todos os actos religiosos. Daí dá-se a transformação da dança mágica ao drama ritual, tendo por instrumento fundamental a Máscara

Por meio da máscara, fixa-se na dança o conteúdo representativo que a transforma em drama. O drama só se desligou verdadeiramente do ritual sagrado quando soube fazer da aventura humana o centro e o objecto da representação. Tal transformação deu-se graças ao génio grego.

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O Nascimento do Teatro



A história do teatro confunde-se com a história da humanidade. A arte de representar advém das situações vividas pelo ser humano que, por culto, religiosidade, louvor, prestígio, entretenimento, registro, ou simplesmente pela pura expressão artística expressa os seus sentimentos num mundo da fantasia muito parecido com um mundo real. O mundo evolui e a arte de representar acompanha essa evolução.

Passam os séculos e os homens ali estão vivendo, sobrevivendo e exortando, através da arte, a sua relação interpessoal, o seu passado e o seu futuro, os seus medos e os seus ideais, as suas vontades e desejos. O teatro data desde o séc. VI a.C., mas, analisando melhor, há a possibilidade de o homem constituir um vínculo com essa arte bem antes do surgimento do teatro como cerimónia grega.

Assim como o macaco provoca confusões, bate palmas, mostra os dentes, o homem pré-histórico já utilizava a arte de representar, em favor dos seus deuses misteriosos, nos rituais de antropofagia, nas danças para o fogo ou para a chuva, na simples demonstração do que o macho supremo deve fazer, impondo respeito diante dos outros machos, alongando o peito e dando gritos de ordem.

Ou seja, a representação de um personagem, a imitação de outro ser, como diz Aristóteles, “é uma prerrogativa do próprio homem”. O tempo é essencial para o amadurecimento das ideias dos homens. A contribuição de génios possibilita que o homem embarque nas filosofias, num processo de criação que não pára. E assim, surge a história cronológica do teatro, que apresenta personalidades importantes para o crescimento dos conceitos e das filosofias humanas. Homens iluminados que se completam, que juntos fazem a história acontecer de forma fácil, veloz, onde e quando querem, mesmo com todas as barreiras impostas pelos homens estagnados e mesmo com todo o atraso da ciência e da tecnologia humana.

O teatrólogo vê a vida, conhece o ser humano, exorta o seu brilhantismo calcado na observação, no comportamento de sua gente e isso é o que faz a diferença. Ver o mundo é fácil, mas há de se ter olhos para isso! Olha quantas riquezas ao redor, e mesmo assim, as pessoas não vêem, ou não querem ver, pois estão presas dentro de uma casca grossa que só os permite ver dificuldades. Enquanto isso, o tempo corre, o mundo fica sujeito a mudanças e elas ocorrem graças aos filósofos, aos artistas, aos sábios, que têm a função de, na sociedade captar o inefável e o incomensurável para transmitir ao seu público, onde nenhuma pergunta fica sem resposta e onde os maiores anseios do homem são atendidos.

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Reflexões Teatrais 03



«Dentre todas as artes, o teatro ocupa um lugar insigne e meritório. Esse lugar deve-se à importância de uma comunidade, de uma comunhão da qual ele vive, que ele sustenta e propaga. Entre as actividades humanas, o teatro é uma das primeiras, uma das mais persistentes e talvez a mais soberana. É através dele que se exerce com mais verdade e eficácia o poder criador dos homens.

O teatro não é somente a expressão de um povo, de uma nação mas a afirmação mais verdadeira e mais viva de uma civilização. É no universo a única troca livre, a dos sentimentos, das ideias. Por sua virtude, por sua excelência, o teatro revela-se e afirma-se como um vínculo espiritual incomparável. A vida e a arte do teatro utilizam e criam reacções de sensibilidade, relações de afecto e de amizade: todos eles actos essenciais. Transmitidos de uma época para outra, transferidos de uma região ou de uma nação para outra, esses actos criam à sua volta uma comunidade, uma identidade espirituais.

Não é esse o ponto de vista que ordinariamente propõe a critica dramática. Essa arte para ela não chega tão longe, mas é preciso dizer e repetir que o teatro não é apenas um meio de escutar ou de passar o tempo, é uma ocasião que se busca para preparar e viver sua vida com plenitude.

O teatro não é apenas indústria ou gesticulação, é imaginação, libertação e amor.»


Louis Jouvet (1887 – 1951)

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domingo, dezembro 10, 2006

Para que serve o Teatro: as melhores frases



«O teatro acalenta-nos a alma, alivia-nos a mente.»
Larissa Barbosa

«O teatro é como um periscópio, permite-nos ver as coisas mais pequenas.»
Amélia Delgado

«É no teatro que o espectador vê e sente as ondas cósmicas da emoção propagarem-se num terreno concreto que é, ao mesmo tempo, psíquico, histórico e social.»
Luís Delgado Cruz

«O Teatro é a forma de expressão que mais se assemelha à vida.»
Karina Lizardo

«O teatro é como uma caixa mágica, que nos confronta.»
Osvaldo Santos

«Teatro é uma forma de se deixar de ser o “eu conhecido” para se passar a ser um “algum desconhecido”.»
Maria João Faria

«Teatro é arte em movimento.»
Maria Emanuela Lopes

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Curiosidades Teatrais




O teatro costuma, tradicionalmente, ser simbolizado por um conjunto de duas máscaras, uma «que ri» e outra «que chora», e que representa os dois géneros dramáticos clássicos mais conhecidos, a comédia e a tragédia.

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Reflexões Teatrais 02



«Pode o teatro existir sem actores? Não conheço nenhum exemplo (e mesmo no teatro de marionetas se encontrará um actor por trás da cena, ainda que duma outra espécie). O teatro pode existir sem público? No limite, pelo menos um espectador é necessário para se fazer um espectáculo. Assim, resta-nos o actor e o espectador. Podemos portanto definir o teatro como aquilo que se passa entre o actor e o espectador. Todas as outras coisas são suplementares – talvez necessárias, mas ainda assim, suplementares.»

Jerzy Grotowski, «Por um teatro pobre» (1971)

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Reflexões Teatrais 01



“Posso escolher qualquer espaço vazio e considerá-lo um palco nu. Um homem atravessa esse espaço vazio enquanto outro o observa. Isso é suficiente para criar uma acção cénica, ou seja.”

Peter Brook, «O Espaço Vazio» (1968)

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O que é o Teatro?





A palavra teatro é originária do Grego: théatron, ou seja, "o lugar de onde se vê".

O outro termo nuclear – drama – é igualmente originário do Grego – dram – e quer dizer "fazer acontecer". Acção.

Teatro: algo para ser visto; algo para ser feito. Uma acção que é testemunhada. Tão simples quanto isto, como descreveu de forma brilhante o encenador Peter Brook.

Hoje em dia, utilizamos a palavra "teatro" para outros fins. Por exemplo, pode-se referir ao edifício onde as peças se realizam: o espaço para a actuação dramática. "O lugar de onde se vê".

Podemos também utilizar este termo de forma metafórica, para, por exemplo, falar de guerra: falamos, neste caso, do "teatro de operações".

Mas quando falamos de teatro, na maior parte dos casos estamos a falar de uma actividade específica, uma forma de arte, uma forma de expressão artística. Neste último caso, fica clara a utilização deste conceito: "vamos ao teatro"; "vamos ver uma peça de teatro"; "o grupo de teatro Amarante vai actuar"; "vamos ter uma aula de teatro"; etc.

Estamos, pois, a utilizar a palavra teatro para designar uma ocupação, uma actividade profissional (ou não) – e na maior parte dos casos, uma paixão – de centenas de homens e mulheres um pouco por todo o mundo.

O teatro é, ainda, uma arte colectiva, normalmente envolvendo dezenas de pessoas, desde actores, encenadores, dramaturgos, técnicos e produtores.

Como diz Brook, vamos ao teatro para um encontro com a vida, mas se não houver diferença entre a vida lá fora e a vida no palco, o teatro não faz sentido.

O teatro, expressão das mais antigas do espírito lúdico da humanidade, é uma arte cénica peculiar, pois embora tome quase sempre como ponto de partida um texto literário (comédia, tragédia e outros géneros), exige uma segunda operação artística: a transformação da literatura em espectáculo cénico e a sua transformação directa com a plateia.

Já vimos que para que o teatro aconteça temos que considerar um triângulo onde em cada vértice temos, respectivamente, a dramaturgia, o actor e o público. Tudo o resto é importante, mas não é essencial. A dramaturgia não tem que ser literária, quer dizer, constituída apenas por palavras. Um gesto tem um significado e uma leitura dramática. Simboliza e transporta com ele uma intenção.

Assim, por maior que seja a interdependência entre texto dramático e o espectáculo, o actor e a cena criam uma linguagem específica e uma arte essencialmente distinta da criação literária. A arte dos actores e do encenador não sobrevive à representação; os textos ficam.

Apesar do texto se manter intacto e incólume ao longo dos anos, a essência do teatro, radica na sua função eminentemente social: assume-se como prática social dividida e colectivamente participada.

Quando estamos a olhar para um palco, estamos a receber ao mesmo tempo, seis, sete ou mais informações: o cenário diz-nos algo; a roupa utilizada; o tipo de iluminação; os gestos e a forma de movimento em cena; a forma como os actores falam, a música ou som ambiente que se ouve, etc. Durante o espectáculo, o texto dramático se realiza mediante a metamorfose do actor em personagem. A literatura dramática exige presença e cooperação do público. Assim, o teatro é principalmente fenómeno social e, como tal, sujeito às leis e dialéctica históricas. Por isso, não existe teatro em sentido absoluto, com normas permanentes, mas vários teatros, muito diferentes, de diversas épocas e nações.

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Aviso 01

Glossário Teatral: letra A



ABERTURA DO PANO – Momento em que se abre ou levanta o pano de boca.

ACÇÃO – Conjunto do que se faz em cena, no decorrer do espectáculo.

ACTO – Cada uma das partes principais em que se divide uma peça de teatro.

ACTOR / ACTRIZ – Artista que cria, interpreta e representa uma acção dramática, baseando-se em textos, em estímulos visuais, sonoros ou outros.

ACÚSTICA – Conjunto de factores que dão uma boa (ou má) percepção dos efeitos sonoros e especialmente das falas dos actores.

ADERECISTA – Aquele que fabrica os adereços.

ADEREÇOS – Objectos que fazem parte da cenografia (adereços de cena), são transportados pelo actor (adereços do actor) ou são previamente postos em cena a fim de serem usados pelos personagens (adereços de representação).

ADVERTÊNCIA - texto marginal do autor dramático quando se dirige ao leitor para o advertir das suas intenções, para precisar as circunstâncias do seu trabalho, analisar a sua obra.

AFINAR – Acertar as cortinas, bambolinas e telões de forma a que a sua base fique paralela ao chão do palco.

AFINAR LUZES – Depois de dispostos os projectores, dar-lhes o ângulo e a abertura adequados à iluminação pretendida.

AFORISMO - Fórmula resumida que define um saber científico ou moral.

AGRADECIMENTOS – Marcação feita pelo encenador segundo a qual os actores, no final do espectáculo, vêm receber os aplausos do público.

AGON - termo da Comédia antiga (Aristófanes)para designar o diálogo central de um conflito entre inimigos. Hoje o termo é mais lato referindo-se ao ponto central de uma história ,ao coração de um drama.

ALÇAPÃO – Abertura no chão do palco, obtida pela remoção de uma quartelada, podendo ou não ser equipado com mecanismo elevador.

ALTA – Diz-se da parte do palco mais próxima do fundo de cena.

AMADOR – Actor não profissional, que trabalha sem remuneração.

AMERICANA – Comprido rectângulo de madeira ou de ferro, de comprimento maior que a boca de cena, e por onde bipartindo-se, correm as cortinas, ou desliza a rotunda.

ANTAGONISTA - Personagem em oposição ou em conflito. O caracter antagonista do universo teatral é um dos princípios essenciais da forma dramática.

ANTI-HERÓI - Personagem principal que não corresponde ás caraxterísticas ou aos valores do herói tradicional.

ANTITEATRO - Termo geral que designa uma dramaturgia e um estilo de jogo dramático que nega todos os princípios da ilusão teatral. O termo aparece nos anos cinquenta , nos começos do teatro do absurdo.

ANTONOMASIA - Figura de estilo que substitui o nome de um personagem por uma perífrase ou por um nome comum que o caracteriza. (O homem da coragem ao vento- D.Quixote)

APARTE - Palavra ou expressão que o actor diz á parte para si, mas de maneira a entender-se no público.

ARGUMENTO - Resumo da história da peça que leva à cena. Pode-se falar igualmente de um argumento de ballet.

ARLEQUINADA – Peça com ou sem palavras que tem o Arlequim por personagem central.

ARQUÉTIPO - Personagem que se assume como modelo mítico do imaginário de um povo Que está acima de um modelo real.

ASAS DO PALCO – Coxias.

ASSONÂNCIA - Repetição do mesmo som, especialmente da vogal acentuada no fim de cada verso (bela e tela).

ATACAR – Prender com um sarilho as ilhargas, de modo a ligá-las totalmente.

ATOCHAR – Pregar o pano de terra ao chão com tachas.

ATTENTE - Atitude de expectativa do público quando actua em antecipação à conclusão e há resolução final dos conflitos.

AUXILIAR DE CAMARIM – Aquela que tem por função ajudar os actores a vestirem a roupa de cena. Também chamada de assistente de camarim.

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Critérios de Avaliação

A avaliação é feita a partir de três parâmetros:

1) AVALIAÇÃO CONTÍNUA

40% da classificação final

- Interpretação
- Expressão Corporal
- Expressão Vocal
- Improvisação
- Criatividade
- Disciplina
- Dedicação
- Pontualidade
- Crítica Teatral
- Provas práticas individuais
- Participação na montagem da peça (Junho 2007)

2) AVALIAÇÃO TEÓRICA

30% da classificação final

- 1º Teste: Janeiro 2007
- 2º Teste: Junho 2007

3) AVALIAÇÃO PRÁTICA

30% da classificação final

- Trabalho final do curso (previsão: Julho 2007)

NOTAS SOBRE O TRABALHO FINAL


 grupos de 2 ou 3 elementos
 15 a 25 minutos de duração
 texto base: peça atribuída pelos professores
 avaliação por um júri composto por três pessoas
 indicadores a avaliar: encenação; cenografia; texto; interpretação; iluminação; música; guarda roupa; projecto; pontualidade; imaginação; criatividade.

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sábado, dezembro 09, 2006

O cartaz do Curso

Programa Completo



A) COMPONENTE PRÁTICA

 Tema 1: Teatro em Grupo
Noções sobre o aquecimento físico de um actor
Noção de Espaço
Exercícios de desinibição
Exercícios de coordenação
Exercícios específicos de trabalho em grupo
Atelier “Os Quatro Elementos”

 Tema 2: O Aquecimento / Relaxamento / Respiração
Para um melhor conhecimento do Corpo Humano
O trabalho do Corpo Humano dentro da trilogia Corpo/Mente/Emoção
A consciência do próprio corpo
Exercícios de Relaxamento
Exercícios de Respiração

 Tema 3: Expressão Corporal
Exercícios de Expressão Corporal
Mímica
Exercícios com Máscara Neutra
Os Animais

 Tema 4: Expressão Oral
Noções sobre o aparelho respiratório
Exercícios de Respiração
O Reflexo respiratório
Aquecimento Vocal pré-cénico
Características da Voz (altura, intensidade, timbre)
Tipos de Voz
Exercícios de Dicção
Exercícios de Colocação de Voz

 Tema 5: A Improvisação
Noções Gerais
A Importância da Improvisação
Primeiras Improvisações

 Tema 5: Interpretação / Trabalho de actor
Improvisações Temáticas
Alguns exemplos de Importantes Escolas Dramáticas
Técnica de Representação Teatral
Exercícios de Interpretação Dramática
Técnica do Cloun Teatral
A Construção de um Personagem

 Tema 7: A Construção do Espectáculo Teatral
A Encenação
Atelier de Cenografia
Atelier de Iluminação e Sonoplastia
Guarda Roupa e Maquilhagem
Escolha de Textos
Construção dos Personagens
Atelier de Dramaturgia
Montagem de uma peça de teatro

B) COMPONENTE TEÓRICA

 Tema 1: História do Teatro
O Nascimento do Teatro
Teatro Grego
Teatro Medieval
Comédia dell’Arte
Teatro Isabelino
Teatro Contemporâneo
Grandes Nomes do Teatro Universal

 Tema 2: Teatro em Cabo Verde
Antes da Independência
Após a Independência
Era Moderna

 Tema 3: Noções Básicas Teatrais
Noções de Encenação
Cenografia e Arquitectura Teatral
Iluminação Básica em Teatro
Características do texto dramático
Disciplinas técnicas teatrais

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Começa a grande aventura



Foi discreto mas não faltou. Arrancou a semana passada mais um curso de Iniciação Teatral do Centro Cultural Português - ICA, por muitos considerado como um dos principais factores de desenvolvimento teatral em Cabo Verde da última década. O atraso relativamente aos anos anteriores deveu-se, principalmente, à dificuldade em encontrar um espaço onde pudessem ser ministradas as aulas de teatro, que desde 1996 vem alimentando e formando grupos teatrais no arquipélago.

O principal pilar de toda a estrutura teatral do ICA - Centro Cultural Português – Pólo do Mindelo, tem sido, sem dúvida nenhuma, a formação. Aliás, tudo começou com um curso de iniciação teatral e a verdade é que ninguém poderia prever a dimensão da obra que acabaria por gerar a simples ideia de promover uma acção de formação com aquelas características.

Todos os actores do Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo – o mais importante grupo da actualidade teatral mindelense – passaram pelo processo de aprendizagem, pela experiência única de durante cerca de um ano estar envolvido num curso desta natureza.

É verdade também que à medida que o tempo foi avançando, os cursos foram sendo aperfeiçoados, não só pela experiência adquirida pelos seus formadores, mas também porque a preocupação de aprofundar os estudos teatrais sempre foi regra nessa casa, e sendo assim, à medida que o tempo foi passando, os cursos foram sendo mais exigentes, tanto do ponto de vista prático como teórico.

Para se ter uma ideia, nos últimos Cursos de Iniciação Teatral, os alunos foram avaliados nas seguintes matérias:

Componente teórica: dois testes de avaliação escrita com questões sobre História do Teatro, História do Teatro em Cabo Verde, noções de encenação, arquitectura e cenografia teatral, iluminação básica em teatro, características do texto dramático, disciplinas técnicas teatrais.

Componente Prática: avaliação de um trabalho cénico final, nas seguintes componentes: encenação, cenografia, dramaturgia, interpretação, criatividade, iluminação, efeitos sonoros, pontualidade, projecto e figurinos.

Avaliação contínua: avaliação do desempenho dos alunos ao longo do ano, nas seguintes variáveis: interpretação, expressão corporal, expressão vocal, improvisação, criatividade, disciplina, dedicação, pontualidade e crítica teatral.

Além disso, o curso implica também a montagem de uma peça de teatro, que é apresentada ao público.

Peças originadas destes Cursos de Iniciação Teatral:

1º Curso: “Fome de 47” e “Sonhos”;
2º Curso: “Eu Sou Teu Escravo?”
3º Curso: “Fragmentos
4º Curso: “A Birra do Morto
6º Curso: “Mancarra
7º Curso: “Figa Canhota
8º Curso: “Sete Pecados Capitais
9º Curso: “Tertúlia
10º Curso: "Sofamília"
11º Curso: "A Ilha Ancorada"


Grupos de teatro originários ou formados a partir dos Cursos de Iniciação Teatral do CCP (ou cujos elementos são ex-alunos):

Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo
Grupo de Teatro Dinonísus
Atelier Teatrakácia
Teatro Infantil do Mindelo
Companhia de Teatro Solaris
Sarron.com Teatro & Companhia


O 12º Curso de Iniciação Teatral iniciou no passado dia 27 de Novembro e terá uma duração de cerca de oito meses, estando previsto o seu término no mês de Agosto de 2007. Estão inscritos 24 alunos entre os 16 e os 35 anos, entre estudantes, secretárias, operários, e muitas outras profissões.

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