sábado, fevereiro 24, 2007

Março - Mês do Teatro 2007

Como sabem, a presença nas actividades do «Março - Mês do Teatro» são obrigatórias, na sua maioria, para todos os alunos do 12º Curso de Iniciação Teatral. Aqui se vai dando conta, semama a semana das actividades a que não devemos faltar.

Dia 01 de Março - Quinta-feira (19:00 horas)

Ciclo de Documentário «Teatro em Construção»
«Sarron.com - um ano de sucesso»
Realizado por Neu Lopes (Cabo Verde)



Descrição: um documentário que nos mostra os bastidores, as montagens e os sucessos do mais novo grupo de teatro da ilha de S. Vicente.

Produção: Associação Mindelact & Casa Café Mindelo.
Local: Casa Café Mindelo - Terraço.


Dia 03 de Março - Sábado (23:00 horas)

Teatro de Rua
«Os Bichos Saem à Praça»
Alunos do XII Curso de Teatro do CCP-IC

Descrição: A Praça Nova do Mindelo vai ser invadida por um estranho grupo de seres, meio bicho meio homem, que para além do seu bizarro comportamento, ainda estarão munidos de um guarda-chuva, em homenagem ao Napumoceno da Silva Araújo. Um teatro de rua que já se vem tornando uma tradição no mês de Março em S. Vicente.

Produção: XII Curso de Teatro do Centro Cult. Português do Mindelo / IC
Local: Praça Nova


Encontro no Centro Cultural Português, às 21:30 horas

Dia 04 de Março – Domingo (18:30 horas)

Espectáculo de Teatro
«A Invasão do Lixo»
Teatro Infantil do Mindelo



Descrição: mais um trabalho que junta criatividade e pedagogia num mesmo palco, bem ao estilo desta companhia teatral. Desta vez o tema central é a questão do lixo e dos cuidados ambientais que são obrigação de toda a população. Uma oportunidade para rever os personagens deste grande sucesso teatral: a encantadora Dona Lixo, a revoltada Acácia, a ingénua Cabra, o portentoso Senhor Vento e o alegre Contentor. Sempre presente estará o inevitável humor mindelense.

Produção: Teatro Infantil do Mindelo.
Local: Auditório do Centro Cultural do Mindelo
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Reflexões Teatrais 17



«Há um tipo de doença de alma a que chamamos, às vezes, no Ocidente, de egoísmo. Numa actor, isso pode levá-lo a pensar diferentes coisas, como "quero ser melhor do que os outros", "aprendi uma técnica e agora posso demonstrá-la", "tenho de ser bastante activo no palco", ou ainda, "o espectáculo deveria ter sido feito de outra maneira". Todas essas atitudes demostram uma rigidez de consciência. O ideal seria não ter nada preconcebido no tocante às relações com os outros actores, nem ao que se deseja expressar ou à maneira como a peça deve ser montada. Se todos os actores trabalharem com essa rigidez mental, o resultado será algo totalmente morto.»

Yoshi Oida - Actor
(1933 - )
"Um actor errante"

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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

1ª Prova Teórica



Caros alunos do XII Curso de Iniciação Teatral:

Como ficou estipulado, a primeira prova teórica do curso terá lugar no próximo dia 26 de Fevereiro, segunda-feira, pelas 19:00 horas, na biblioteca do Centro Cultural Português - IC.

A prova terá a seguinte estrutura

Parte I – 12 questões de escolha múltipla (12 valores);
Parte II – 3 questões de resposta rápida (4,5 valores);
Parte III – 1 questão de desenvolvimento (3,5 valores).

Matérias a estudar:

1. O que faz o Teatro ser o que o Teatro é;
2. O papel do público;
3. Nascimento do Teatro;
4. Teatro Grego Clássico (arquictectura, festivais e dramaturgos);
5. Teatro Medieval: suas principais características;
6. Introdução ao Teatro Elisabetano;
7. Constituição e funções da coluna vertebral;
8. Aspectos gerais da escrita dramática;
9. Glossário de termos teatrais já referidos nas aulas.

Bom estudo e boa sorte!

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terça-feira, fevereiro 20, 2007

Bibliografia 05



Para Trás e Para Frente

Autor
David Ball

Para Trás e Para Frente é um guia universal para a leitura de roteiros teatrais e, como tal, complementa e retifica os métodos tradicionais de análise literária de scripts. O autor ilustra seu método com excertos do Hamlet de Shakespeare, utilizando uma obra de importância e exemplaridade mundialmente reconhecida e oferece grande riqueza de elementos para a abordagem analítica.

Editora: Prespectiva
Número de páginas: 134
Encadernação: Brochura
Edição: 1999

Nota: todos os livros indicados estão disponíveis para consulta na biblioteca teatral do Centro de Documentação e Investigação Teatral do Mindelo, situado no Mercado Municipal (Rua de Lisboa).

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Bibliografia 04



Nação Teatro - História do Teatro em Cabo Verde

Autor
João Branco

A história do teatro em Cabo Verde, desde os primórdios até à actualidade, é o tema do livro, uma obra de carácter científico, que veio preencher uma lacuna e responder ao interesse crescente pelo teatro em Cabo Verde. Obra pioneira e premiada, é um marco da historiografia cultural cabo-verdiana.

Editora: Biblioteca Nacional de Cabo Verde
Número de páginas: 438
Encadernação: Brochura
Edição: 2004

Nota: todos os livros indicados estão disponíveis para consulta na biblioteca teatral do Centro de Documentação e Investigação Teatral do Mindelo, situado no Mercado Municipal (Rua de Lisboa).

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Bibliografia 03



A porta Aberta

Autor
Peter Brook

Convencido de que "não há no cérebro um congelamento profundo que armazene, intactas, as memórias", o encenador inglês que o The New York Times já chamou de "a lenda viva do teatro", passa a limpo sua trajetória pessoal e profissional. Espírito livre, faz isso numa colecção não linear de cenas costuradas pelos tais fios, sempre inexoráveis, do tempo.

Editora: Civilização Brasileira
Número de páginas: 112
Encadernação: Brochura
Edição: 2000

Nota: todos os livros indicados estão disponíveis para consulta na biblioteca teatral do Centro de Documentação e Investigação Teatral do Mindelo, situado no Mercado Municipal (Rua de Lisboa).

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Bibliografia 02



Manual de Teatro

Autor
António Solmer

No Manual quase todas, ou mesmo todas as áreas teatrais são tratadas: História, Teorias, Texto, Arquitectura, Cenografia, Técnicas de Palco, Marionetas, Figurinos, Caracterização, Luz, Som, Música, Dança, Actor, Análise, Encenação, Produção e Expressão Dramática.

Editora: Cadernos ContraCena
Número de páginas: 395
Encadernação: Brochura
Edição: 1999

Nota: todos os livros indicados estão disponíveis para consulta na biblioteca teatral do Centro de Documentação e Investigação Teatral do Mindelo, situado no Mercado Municipal (Rua de Lisboa).

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Bibliografia 01



Dicionário de Teatro

Autor
Patrice Pavis

O Dicionário de Teatro, de Patrice Pavis, sintetiza em seus 560 verbetes as grandes questões da dramaturgia, da encenação, da estética, da semiologia e da antropologia da arte dramática, o que o constitui numa suma do saber sobre a história, a teoria e a prática da criação teatral.

Editora: PERSPECTIVA
Número de páginas: 506
Encadernação: Brochura
Edição: 2005

Nota: todos os livros indicados estão disponíveis para consulta na biblioteca teatral do Centro de Documentação e Investigação Teatral do Mindelo, situado no Mercado Municipal (Rua de Lisboa).

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Reflexões Teatrais 16



«O teatro é um meio previligiado de descobrirmos quem somos, ao criarmos imagens do nosso desejo. Teatro é arte e sempre foi arma. Hoje, para nós, mais do que nunca, lutando pela nossa sobrevivência cultural, o teatro é a arte que mais nos revela a nossa identidade; é a arma que a preserva.

O teatro é uma arte marcial!»


Augusto Boal
Encenador

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Glossário Teatral: letra E



EFEITO DE DESTAQUE - Pôr em primeiro plano um fenómeno fazendo realçar a estrutura artística da mensagem.

ELENCO – Conjunto dos actores de uma companhia ou de uma peça de teatro.

ENGRADAR – Fazer uma armação com sarrafos de madeira em que fica esticado um pano, uma tela ou um papel pintado, vindo a constituir um elemento de cenário rígido e passível de ser transportado e manobrado, chamado engradado.

ENCENAÇÃO – A concepção geral do espectáculo.

ENCENADOR – O que concebe, orienta e dirige toda a encenação.

ENGOLIR – Quando se sobem para a teia as cortinas ou o cenário. Diz-se que são engolidas no urdimento.

ENSAIAR – Levantar, repetir ou apurar uma cena com os actores; acertar os efeitos técnicos com a representação dos actores.

ENSAIO GERAL – Ensaio, geralmente o último antes da estreia, que deverá decorrer como se fosse espectáculo.

ENSARILHAR – Prender com um sarilho duas ilhargas. Também se diz coser.

ÉPICO – Diz-se de uma fábula tirada da vida dos homens, é engrandecida e tratada de tal maneira, nomeadamente por ajustes ideológicos, que é impossível para o espectador de se identificar com o herói ou com a situação.

EPÍLOGO – Discurso recitativo no fim de uma peça.

EPISÓDIOS - Capítulos da tragédia grega entre o prólogo e o êxodo e entre as intervenções cantadas e dançadas do coro.

ESCORA – Pedaço de madeira ou de ferro que se prega ao chão e na armação da ilharga, a fim de mantê-la na posição pré-determinada.

ESCRITA DRAMÁTICA - Estrutura literária que se funda sobre alguns princípios dramaturgicos: separação de papéis, diálogos, tensão dramática, acção dos personagens.

ESCRITA CÉNICA – Maneira de utilizar o aparelho teatral para pôr em cena os personagens, o lugar e a acção que se desenrolam.

ESCURO – Black-out.

ESPAÇO DRAMÁTICO – Construção imaginária, pelo leitor e espectador, da estrutura espacial de um drama.

ESPAÇO CÉNICO – Espaço proposto sobre a “cena” pelo cenógrafo e seus colaboradores.

ESPECTÁCULO – aquilo que se oferece ao olhar (performance ou representação). Um dos seis elementos da tragédia de Aristóteles.

ESQUERDA – Diz-se da parte do palco que fica para o lado esquerdo do espectador, portanto, para o lado direito do actor.

ESTÉTICA – Filosofia do belo. O seu objecto é o bom e a verdade. Estudo que se dedica a definir os critérios de julgamento em matéria de poesia e arte.

ESTREIA – Primeira apresentação de um espectáculo ao público.

ESTROBOSCÓPIO – Equipamento de luz que produz uma sucessão muito rápida de focos de luz muito brilhantes.

ÊXODO – Canto coral de saída.

EXPOSIÇÃO – Informações fornecidas nas primeiras cenas para permitir quea situação evolua e a acção desenvolva.

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A explosão do drama elisabetano

O drama elisabetano foi uma explosão teatral ímpar, o que é atestado por inúmeros factos. Sabemos que de 1576 – data em que foi construído o segundo teatro público elisabetano – até 1613, foram registados mais de oitocentos títulos de peças, das quais só nos restou pouco mais de metade. No mesmo período Londres contava com cerca de 16 estabelecimentos teatrais em pleno funcionamento, alguns com companhias permanentes – inclusive as formadas inteiramente por crianças . e maus uma dúzia de dramaturgos famosos, competindo entre si ou escrevendo a quatro e até seis mãos. Porquê esta avidez tão grande em escrever? Para atender à demanda urgente de novas peças para os repertórios das companhias. William Shakespeare, um dos dramaturgos mais activos, escreveu aproximadamente um milhão de palavras em vinte anos de carreira. (…)

E o que mais emociona ao estudar a história deste teatro é a sua espantosa capacidade de sobrevivência, sempre ameaçada por dois tipos de factores. Primeiro, os naturais: as epidemias de peste bubónica que decretavam o imediato encerramento dos teatros para evitar a aceleração do contágio. Segundo, os sócio-políticos, a ferrenha oposição dos puritanos, que consideravam o teatro obra do Diabo, e a eterna vigilância da censura central, que zelava pela segurança do regime absolutista da monarquia elisabetana.



Se não há dúvidas de que Shakespeare foi um génio, também não há dúvidas de que a sua genialidade foi possibilitada pelo facto de ele ter sido herdeiro de uma longa e rica tradição teatral, assim como de uma longa e rica tradição poética, e de ter nascido numa época particularmente favorável às artes e à cultura.

Nas palavras do pesquisador francês Jean Duvignaud, o teatro “é uma arte enraizada, a mais engajada de todas as artes na trama da vida da experiência colectiva, a mais sensível às convulsões que abalam uma vida social em estado de permanente revolução. O teatro é uma manifestação social”. Este aspecto da arte teatral, o de revelador do seu momento histórico, já havia sido apreendido pelos elisabetanos. Eis que Hamlet, na série de instruções que dá aos actores preconiza:

O objectivo da arte dramática, cujo fim, tanto na sua origem como nos tempos que correm, foi e é o de apresentar, por assim dizer, um espelho à vida, mostrar à virtude suas próprias feições, ao vício sua verdadeira imagem, e a cada idade e geração sua fisionomia e características.”

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História: Teatro Elisabetano I



TEATRO ELISABETANO - INTRODUÇÃO

Um dos grandes marcos da história do teatro ocidental, depois do teatro grego e do teatro medieval, foi o aparecimento deste drama extraordinário que floresceu na Inglaterra na segunda metade do século XVI e no início do século XVII. Este desabrochar foi o clímax de uma longa tradição teatral desenvolvida – com maior ou menor intensidade mas sempre ininterruptamente – desde a Idade Média até à Renascença Inglesa. O teatro desta época é chamado elisabetano porque a maior parte da sua existência corresponde ao reinado da rainha Elisabeth I, que se estende de 1558 a 1603. (…)



O ápice da excelência da obra shakespeariana, entretanto, só se concretiza na era jacobina a partir da morte da rainha Elisabeth I. Com excepção de Hamlet, feita entre 1601 e 1602, três das chamadas grandes tragédias foram escritas a partir de 1603: Otelo (1603-04), Macbeth (1605-06), Rei Lear (1606-07) e que culmina com a obra prima A Tempestade (1611). (…)

Imagens:
1. Globe Theatre
2. Rei Lear, pelo Grupo de Teatro do CCP

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quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Reflexões Teatrais 15



«Trabalharemos contra o público, não o respeitaremos, se não lhe exigirmos esforço, se lhe propusermos apenas o que já conhece, se o reconfortarmos com belas salas, fácil acesso e boa publicidade, e não cuidarmos daquilo que realmente estabelece a comunicação: a imaginação, o trabalho dos espectáculos, o desenvolvimento da própria criação.»

Luis Miguel Cintra - encenador

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Aspectos gerais da Escrita Dramática II

Informação Contextual

É fundamental conhecer bem todos os aspectos da história que se pretende contar: a época, o contexto cultural, etc. «Não deixe pedra sobre pedra, revolva tudo, nunca se sabe que tesouro... se esconde sob elas. É um trabalho árduo, mas ninguém aponta um revólver para sua cabeça, obrigando-o a fazê-lo. Mas, para quê, deliberadamente, tender à mediocridade, fugindo ao esforço, sendo ‘eficiente’ e esperto?» (David Ball, Para Trás e Para Frente)

Personagens

São seres individuais, podendo ter por isso particularidades na linguagem. “Uma personagem se constitui de todas as qualidades, traços e aspectos que criam a natureza de uma pessoa e distinguem essa pessoa de outra. (...) Em algum ponto entre o mínimo (apenas o nome) e o máximo (palavrório ilimitado...), converge a quantidade de informação suficiente (cuidadosamente seleccionada) para criar uma personagem...” (Ibid).

Personagens Oponentes – são personagem que se opõem à concretização do pretendido.
Personagens Adjuvantes – São personagem que tentam facilitar a concretização do pretendido.


Natureza do conflito



1.Eu contra mim mesmo (“B” sabe que é errado roubar os CD’s, mas deseja tê-los e não há outra forma de os conseguir – está em conflito consigo próprio).

2.Eu contra outros indivíduos (“B” tenta roubar, mas “A” está de guarda e não permite a concretização do acto – “B” está em conflito com “A”).

3.Eu contra a sociedade (“B” consegue roubar os CD’s e é perseguido pela polícia e será levado a tribunal - “B” está em conflito com a sociedade).

4.Eu contra o destino, ou o universo, ou as forças naturais, ou Deus, ou os deuses (“B” tenta fugir e enfrenta a ira dos deuses, com a qual luta – “B” está em conflito com forças superiores. Situação pouco provável neste exemplo, mas bastante presente nas tragédias clássicas).

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terça-feira, fevereiro 13, 2007

Reflexões Teatrais 14



«Posso ensinar a um jovem actor qual o movimento para apontar a lua. Porém, entre a ponta de seu dedo e a lua, a responsabilidade é dele. Quando actuo, o problema não está na beleza do meu gesto. Para mim, a questão é uma só: será que o público viu a lua?»

Yoshi Oida - Actor
(1933 - )
"Um actor errante"

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Grandes Nomes do Teatro Universal 06



Gil Vicente
(1465 - 1536?)

É geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.



A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.

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Teatro Medieval: resumo

O teatro medieval é, como o antigo, de origem religiosa; apenas a religião é outra. Os enredos são tirados da história bíblica. As ocasiões de representação são as festas do ano litúrgico. O palco é a praça central da cidade. Toda a população participa dele. Mas no palco também já se encontram os elementos cenográficos que, mais tarde, constituirão o "teatro de ilusão" moderno. O valor literário das peças é muito desigual: entre cenas de lirismo religioso e humorismo popular (cenas do diabo e dos judeus) encontram-se longos trechos didácticos e declamatórios.



No final da idade Média e no começo do século XVI aparecem na Península Ibérica dois grandes dramaturgos que, sem sair da técnica teatral medieval, enchem-na de ideias novas, em parte já humanistas e renascentistas. La Celestina, de Fernando Rojas (?-1541), é antes um romance dialogado; obra de influência imensa na Europa de então. As peças de Gil Vicente guardam o caráter de representação para determinadas ocasiões, litúrgicas, palacianas e populares.

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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Março - Mês do Teatro 2007



Caros amigos!

Já está disponível a programação do «Março - Mês do Teatro». para a ilha de S. Vicente. Como as actividades são «obrigatórias» para os alunos do XII Curso, nada como ir dando uma espreitadela na programação.

O endereço é:
www.mindelact.com/agenda.htm

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Contagem descrescente: os Bichos!

A segunda grande prova de fogo dos alunos do XII Curso está a caminho. Na noite do dia 03 de Março, os «bichos vão invadir a Praça Nova do Mindelo». Por enquanto, aqui fica um texto sobre este trabalho de expressão corporal, que tanto atemoriza os alunos / actores, e que depois tanta saudade deixa em quem viveu esta experiência «animalesca».



O começou por ser um exercício de teatro de rua proposto pelo encenador Cândido Ferreira, no âmbito de uma acção de formação para actores mindelenses, em 1996, acabou transformado num dos momentos mais aguardados do Março teatral de S. Vicente.

Adoptado pelos Cursos de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo - ICA, o exercício faz parte da componente de Expressão Corporal do programa do curso, e consiste na tentativa de os alunos construírem, corporalmente, um ser novo, uma espécie de híbrido entre o ser humano e um animal qualquer à escolha. "Como se comportará uma mosca, se derrepente ela acordasse com o corpo de um homem? Este é um exercício muito interessante, porque os alunos tem primeiro que desconstruir a sua própria maneira de andar, de mexer, de observar, para depois compor, com o seu próprio corpo, algo de completamente novo. Aqui o objectivo não é obrigar o actor a imitar o animal. Não. O que se pretende é que ele procure descobrir como seria esse animal se um dia acordasse com um corpo humano", explica João Branco, o coordenador dos cursos de teatro do ICA.



Os trabalhos de "composição animalesca" decorrem à várias semanas, dentro do programa das aulas, e no primeiro Sábado de Março poderemos ver esses resultados. O elemento do guarda-chuva, que sempre tem acompanhado esse estranhos seres, é uma espécie de homenagem à famosa cena dos guardas chuvas engendrada por Germano Almeida e imortalizada na tela por Francisco Manso, em "Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo". Este elemento cénico cria uma espécie de identificação e de unidade nos seres espalhados pela praça, assim como contribui para realçar o carácter surrealista da intervenção.



Quem for para a praça à procura de animais comuns, é certo que os pode encontrar, mas também está garantido que muitos dos bichos são pouco falados e deram origem a composições corporais extremamente interessantes: há dois anoa pudemos identificar passeando pela Praça Nova do Mindelo um polvo, um louva deus, uma formiga, uma aranha, uma mosca, um pinguim, um esquilo, uma doninha... No ano passado, vimos um tubarão, um corvo, uma minhoca ou um elefante.

Como será em 2007?

PS: imagens do exercício de 2006, com os alunos do XI Curso de Teatro do CCP-IC

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Aspectos gerais da Escrita Dramática

Objectivo

É necessário definir qual a história que se pretende contar, e manter esse objectivo sempre presente, durante toda a escrita. Não esquecer de colocar as questões: O quê?, Quem?, Onde? e Quando (se necessário). A história deve ser revelada em pequenas doses. “A tensão dramática exige que o público deseje descobrir o que está por vir. Quanto maior o desejo,tanto maior – e mais activo – o envolvimento do público. Os dramaturgos empregam muitas técnicas de antecipações – para aumentar a curiosidade pelo que está por vir.”

Género

Teatro é essencialmente diálogo. Portanto deve ser o mais rico possível, sem ser, contudo, muito directo (para manter a tal curiosidade). O género narrativo só é utilizado se for um personagem a contar algo ou o narrador que relata alguma parte da história. O descritivo também só é usado nas didascálias, para as informações essenciais à peça.

As Fases de um Texto Dramático

1. Ambiente ou êxtase: é o momento inicial do espectáculo em que há uma situação de equilíbrio. A peça pode começar com o acidente ou com o conflito, e com o seu desenrolar irmos conhecendo a êxtase.

Exemplo prático: “A” está no quarto a ouvir música e a apreciar a sua colecção de CD’s.

2. Acidente ou quebra do êxtase: acontecimento ou acção que provoca a quebra do equilíbrio.

Exemplo prático: Aproveitando uma distracção de “A”, “B” entra e rouba-lhe a colecção de CD’s.

3. Conflito: aquilo que resulta da quebra do êxtase, e que desencadeia uma série de acções. É quando a vontade do personagem é contrariado por algo ou alguém.

Exemplo prático: “B” consegue roubar os CD’s e é perseguido pela polícia e será levado a tribunal.

Depois do desencadeamento do conflito temos uma sequência de acções, que conduzem ao climax, até ao reestabelecimento de um novo equilíbrio.



Fonte: «Para Trás e para Frente: um Guia para Leitura de Peças Teatrais», de David D. Ball

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Dramaturgia: definição de texto dramático



Texto Dramático: texto de teatro, texto de uma peça de teatro ou texto de um espectáculo que se vai ver são conceitos que normalmente se associam,pensando-se no texto que está escrito em determinado livro por um determinado autor,que o atribuiu a uma série de personagens.

Historicamente, o texto dramático foi um género literário caracterizado pela sua forma. É constituído por:

Didascálias: são as indicações do autor para a representação.
Diálogos: textos a expressar pelos actores. Pode ser um diálogo entre dois ou mais personagens; um diálogo do autor com ele próprio - monólogo, ou um diálogo do actor com o público.

O texto dramático também pode ser definido como uma «imitação da vida» que mostra uns personagens num contexto determinado (lugar e época), mantendo relações entre si (conflito). É uma forma oposta à narração, pois é uma apresentação directa da acção.


no «papel»: poema dramático
no «palco»: espectáculo

no «papel»: texto escrito
no «palco»: texto cénico

no «papel»: obra do autor
no «palco»: obra do encenador e actores


O percurso do texto teatral é um processo que vai desde o texto literário que o actor memoriza, transforma-se numa obra interpretada pelo encenador, passando a texto cénico no momento da sua representação.

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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Reflexões Teatrais 13



"Toda a gente repete a mesma questão teórica: o teatro é necessário? Se todos os teatros fossem fechados num mesmo dia, uma grande parte da população não se daria conta disso senão algumas semanas mais tarde; mas se fossem os cinemas e a televisão a terem sido eliminados, logo no dia seguinte a população inteira entraria em efervescência. O teatro tem de reconhecer os seus próprios limites."

Jerzy Grotowski (1933 - 1999), encenador e teórico teatral
«Por um teatro pobre» (1971)

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Elementos do Teatro: o público

Ao longo da história do teatro tem mudado a valorização que se dá ao texto dramático, ao autor, aos actores, etc. O único elemento do edifício teatral que sempre se manteve com a mesma importância foi o público, razão de ser do teatro.

Para que um texto dramático se transforme em teatro é imprescindível que se represente perante um público.

O teatro nasceu do encontro do povo para celebrar os seus ritos religiosos. O público, tanto na antiguidade como actualmente, é um conjunto de pessoas que se reúne para um propósito comum: antes, para adorar o seu Deus, adorá-lo, implorar a sua benevolência; hoje, para desfrutar dum espectáculo.

Participação

O público primitivo participava activamente das cerimónias pré-teatrais, no entanto não tinha consciência de estar assistindo a uma representação. Para que se produza teatros era necessário definir os limites da relação extra-ficcional e enfrentar aqueles que actuam com aqueles que vêem.

O espectador deixou de ser participante para converter-se num consumidor teatral.



No entanto o nível de participação activa do espectador no espectáculo tem variado ao longo do tempo. O público pode manter-se comodamente sentado frente a um cenário integrado numa cena à italiana e com uma cenografia realista (teatro clássico francês, teatro realista e naturalista), ou pode ser obrigado a mover-se ao redor da cena (teatro medieval, teatro de rua) ou a preencher com a sua imaginação elementos sugeridos mas não presentes na cena (teatro simbolista). Desde o início do século XX, as tendências que reivindicam as origens rituais, míticas e lúdicos do teatro (teatro épico, do absurdo, selvagem, visual) procuram o envolvimento directo do público utilizando elementos tais como:

1. O lugar da cena e o do espectador: recupera-se a cena aberta, buscam-se novos lugares para a representação, obriga-se o público a deambular ou mover-se para seguir o espectáculo ou se transporta a acção para a zona do público.

2. O diálogo explícito: recupera-se a figura do narrador que, tal como o coro grego, se dirige ao público (teatro épico); interpela-se directamente o público, modifica-se a actuação segundo os sinais emitidos pelo público (improvisação).

3. A provocação: Não se procura apenas agradar o público, importa sobretudo despertar atitudes e sensações no público (surpresa, emoção, ligação repulsa).

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Reflexões Teatrais 12



"O actor que não sabe calar, nunca aprenderá a falar; o actor que não sabe estar na quietude, nunca conhecerá o movimento."

Luís de Tavira - encenador
(1948 - )

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terça-feira, fevereiro 06, 2007

Coluna Vertebral: o nosso centro

A coluna vertebral tem duas funções principais:

1. serve de invólucro de protecção à delicada medula espinal;
2. constitui o eixo de suporte do esqueleto, logo, do próprio corpo humano.




Existem três tipos de vértebras:

A) Vértebras cervicais;
B) Vértebras torácicas;
C) Vértebras lombares

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Sondagem 02: Nota positiva para o Play Back 2007

O resultado da nossa segunda sondagem 02 foi o seguinte:



A sondagem 02 obteve 29 participações.
Parabéns a todos!


Próxima sondagem:

Como está o teatro em Cabo Verde?

Participa!

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Glossário Teatral: letra D



DEIXA – Palavra ou grupo de palavras que marca o fim da fala de um actor, ocasião em que outro actor pode começar a falar, ou que serve como sinal ao pessoal técnico para a prevenção e ou execução de um efeito.

DESENHO DE LUZ – Planta que mostra a disposição de todos os projectores, a sua orientação e a zona que iluminam em cena.

DIAFRAGMA – Dispositivo que permite reduzir ou ampliar o foco de um projector.DIÁLOGO – Conversa entre dois personagens. Encaixe de palavras trocadas pelas personagens de uma peça de teatro.

DIALOGISMO – caracter dialogado de um texto não teatral (ex: processo verbal de um interrogatório, troca de palavras numa récita, etc) Num sentido largo, o termo designa a estrutura de toda a ficção fundada sobre um conflito entre duas polaridades.

DIDASCAL – Nome dado na Grécia àquele que ensinava uma arte, nomeadamente a arte dramática.

DIDASCÁLIA – Anotação do autor que dá indicações para a execução cénica, para melhor compreensão do texto.

DIEGESE – Imitação de um evento em palavras, que contam uma história sem representação dos personagens.

DIGRESSÃO – Tournée.

DIREITA – Diz-se da parte do palco que fica para o lado direito do espectador, portanto, para o lado esquerdo do actor.

DIRECTOR DE CENA – Aquele que se encarrega da disciplina e andamento do espectáculo durante a representação; estabelece e faz cumprir os horários; elabora as tabelas de serviço de acordo com as indicações dos sectores artístico e técnico.

DISTANCIAÇÃO – Efeito teatral pelo qual o actor ou o encenador tentam evitar a identificação a um personagem ou a uma situação em particular. Efeito obtido por diversos processos de recuo, como “dirigir-se ao público”, a fabula épica, utilização de gestos sociais, as canções, técnicas de luz, etc.

DISTRIBUIÇÃO – Repartição dos papéis.

DITHYRAMBO – Cântico lírico à glória de Dionisios donde nasceu a tragédia.

DOCUDRAMA – (teatro documental) peça que utiliza por texto documentos autênticos sobre determinado evento.

DRAMA – Peça de teatro de assunto sério (meio termo entre a comédia e a tragédia).

DRAMATICIDADE – Caracter do que é dramático; qualidade de um texto, de um espaço ou de um acontecimento que são susceptíveis de se porem em cena.

DRAMATIS PERSONAE – Personagens ou protagonistas cujos nomes figuram no genérico de uma peça.

DRAMATURGIA – Conjunto de processos de análise ao texto teatral e à sua passagem à cena e ao público.

DRAMATURGISTA – Especialista de dramaturgia. Muitas vezes assistente do encenador, está encarregado de diversas questões relativas ao texto (reportório, adaptação de peças, redacção, documentação...). Dizemos geralmente que é um conselheiro dramatúrgico.

DRAMATURGO – Autor de um texto dramático.

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Reflexões Teatrais 11



"O corpo humano está ligado às leis da gravidade, que o atraem para baixo, dando-lhe um peso; a vida o impele para o alto, lutando contra essas mesmas leis. Para deslocar-se, erecto, a partir desse equilíbrio, o corpo arrisca a queda, ocasionando ele mesmo sucessivos desequilíbrios que são compensados a cada passo; assim ele caminha. Ele age e reage, recebe e dá."

Jacques Lecoq
(1921-1999)

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O Corpo é a Casa do Espírito Humano

O corpo é a casa do espírito humano. É como corpo que nos movemos e realizamos os movimentos que nos levam à satisfação dos nossos desejos, como também à realização das nossas programações cerebrais mais íntimas e importantes. A história corporal e a história psíquica de um indivíduo estão intimamente ligadas, oferecendo resultantes comuns como, por exemplo, a produção vocal: a voz e a fala.

Há muitos detalhes que devem ser observados pelo actor em relação ao seu corpo: a postura e o perfeito equilíbrio do seu eixo corporal, a imagem corporal, o nível de tensões musculares e o seu relaxamento, o uso adequado das articulações e mais um sem fim de detalhes que podem alterar em muito a produção sonora do indivíduo. No treino do actor, todos estes detalhes devem merecer muita atenção para que a sua acção cénica seja precisa, sem desgastes energéticos desnecessários, que pouco ou nada o ajudam na sua vida e muito menos na criação de uma personagem.



O actor deve desenvolver um trabalho mais científico na sua acção cénica, no que se refere ao físico, ao vocal e ao emocional, numa programação perfeitamente prevista e desenvolvida, dentro de um projecto económico/energético que o sustente desde os ensaios até ao final da temporada teatral, sem qualquer empecilho ou desgaste nas áreas principais do seu trabalho: corpo, voz e emoção.

O projecto arquitectónico de uma personagem merece uma planificação minuciosamente cuidadosa, para que se obtenha o máximo de rendimento com o mínimo de investimento corporal, vocal e emocional. Para planificação adequada do papel a ser interpretado ou o que chamaremos de partituras cénicas do actor, deve este não só conhecer, mas vivenciar algumas leis que regem as ciências da física, da anatomia, da fisiologia e de tantas outras que só favorecerão a actividade cénica.

Percebemos em muitos actores a preocupação constante com leituras e pesquisas referentes à história do teatro e às técnicas relativas à arte de representar, o que é muito bom, mas percebemos também que tais estudos acabam ficando apenas no plano intelectual, com poucas oportunidades vivenciais. São raríssimos os actores que têm a preocupação em manter um espaço apropriado onde possam praticar os conceitos adquiridos através das leituras.

A busca da saúde do corpo é imprescindível ao actor, pois ele é um operário que tem por instrumento de trabalho a própria vida. Igualmente se recomenda a busca da calma e do equilíbrio psíquico para um trabalho efectivamente sério e de confiança. Do actor que desrespeita o seu corpo e o seu espírito, pouca arte podemos esperar.

A arte e o equilibro psico-físico andam de mãos dadas. Um actor desequilibrado por drogas, por sentimentos confusos, acaba por transmiti-los no seu trabalho, tornando-o altamente desgastante e pobre. O equilíbrio emocional faz-se necessário até mesmo para representar personagens confusas e desequilibradas.

Efectivamente, um sem fim de detalhes envolve a arte do actor, e tudo deve ser treinado incansavelmente: um corpo saudável, flexível e muito bem trabalhado; um espírito equilibrado, disciplinado, sábio; uma voz potente e fala apropriada, fruto seguro de orientação e treino constante. O actor, no seu caminho evolutivo, deve cercar-se de bons orientadores, que o ajudem na tarefa árdua de crescer como ser humano e como artista.

Texto de Eudosia Acuña Quinteiro

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