domingo, dezembro 10, 2006

O que é o Teatro?





A palavra teatro é originária do Grego: théatron, ou seja, "o lugar de onde se vê".

O outro termo nuclear – drama – é igualmente originário do Grego – dram – e quer dizer "fazer acontecer". Acção.

Teatro: algo para ser visto; algo para ser feito. Uma acção que é testemunhada. Tão simples quanto isto, como descreveu de forma brilhante o encenador Peter Brook.

Hoje em dia, utilizamos a palavra "teatro" para outros fins. Por exemplo, pode-se referir ao edifício onde as peças se realizam: o espaço para a actuação dramática. "O lugar de onde se vê".

Podemos também utilizar este termo de forma metafórica, para, por exemplo, falar de guerra: falamos, neste caso, do "teatro de operações".

Mas quando falamos de teatro, na maior parte dos casos estamos a falar de uma actividade específica, uma forma de arte, uma forma de expressão artística. Neste último caso, fica clara a utilização deste conceito: "vamos ao teatro"; "vamos ver uma peça de teatro"; "o grupo de teatro Amarante vai actuar"; "vamos ter uma aula de teatro"; etc.

Estamos, pois, a utilizar a palavra teatro para designar uma ocupação, uma actividade profissional (ou não) – e na maior parte dos casos, uma paixão – de centenas de homens e mulheres um pouco por todo o mundo.

O teatro é, ainda, uma arte colectiva, normalmente envolvendo dezenas de pessoas, desde actores, encenadores, dramaturgos, técnicos e produtores.

Como diz Brook, vamos ao teatro para um encontro com a vida, mas se não houver diferença entre a vida lá fora e a vida no palco, o teatro não faz sentido.

O teatro, expressão das mais antigas do espírito lúdico da humanidade, é uma arte cénica peculiar, pois embora tome quase sempre como ponto de partida um texto literário (comédia, tragédia e outros géneros), exige uma segunda operação artística: a transformação da literatura em espectáculo cénico e a sua transformação directa com a plateia.

Já vimos que para que o teatro aconteça temos que considerar um triângulo onde em cada vértice temos, respectivamente, a dramaturgia, o actor e o público. Tudo o resto é importante, mas não é essencial. A dramaturgia não tem que ser literária, quer dizer, constituída apenas por palavras. Um gesto tem um significado e uma leitura dramática. Simboliza e transporta com ele uma intenção.

Assim, por maior que seja a interdependência entre texto dramático e o espectáculo, o actor e a cena criam uma linguagem específica e uma arte essencialmente distinta da criação literária. A arte dos actores e do encenador não sobrevive à representação; os textos ficam.

Apesar do texto se manter intacto e incólume ao longo dos anos, a essência do teatro, radica na sua função eminentemente social: assume-se como prática social dividida e colectivamente participada.

Quando estamos a olhar para um palco, estamos a receber ao mesmo tempo, seis, sete ou mais informações: o cenário diz-nos algo; a roupa utilizada; o tipo de iluminação; os gestos e a forma de movimento em cena; a forma como os actores falam, a música ou som ambiente que se ouve, etc. Durante o espectáculo, o texto dramático se realiza mediante a metamorfose do actor em personagem. A literatura dramática exige presença e cooperação do público. Assim, o teatro é principalmente fenómeno social e, como tal, sujeito às leis e dialéctica históricas. Por isso, não existe teatro em sentido absoluto, com normas permanentes, mas vários teatros, muito diferentes, de diversas épocas e nações.

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