A explosão do drama elisabetano

E o que mais emociona ao estudar a história deste teatro é a sua espantosa capacidade de sobrevivência, sempre ameaçada por dois tipos de factores. Primeiro, os naturais: as epidemias de peste bubónica que decretavam o imediato encerramento dos teatros para evitar a aceleração do contágio. Segundo, os sócio-políticos, a ferrenha oposição dos puritanos, que consideravam o teatro obra do Diabo, e a eterna vigilância da censura central, que zelava pela segurança do regime absolutista da monarquia elisabetana.

Se não há dúvidas de que Shakespeare foi um génio, também não há dúvidas de que a sua genialidade foi possibilitada pelo facto de ele ter sido herdeiro de uma longa e rica tradição teatral, assim como de uma longa e rica tradição poética, e de ter nascido numa época particularmente favorável às artes e à cultura.
Nas palavras do pesquisador francês Jean Duvignaud, o teatro “é uma arte enraizada, a mais engajada de todas as artes na trama da vida da experiência colectiva, a mais sensível às convulsões que abalam uma vida social em estado de permanente revolução. O teatro é uma manifestação social”. Este aspecto da arte teatral, o de revelador do seu momento histórico, já havia sido apreendido pelos elisabetanos. Eis que Hamlet, na série de instruções que dá aos actores preconiza:
“O objectivo da arte dramática, cujo fim, tanto na sua origem como nos tempos que correm, foi e é o de apresentar, por assim dizer, um espelho à vida, mostrar à virtude suas próprias feições, ao vício sua verdadeira imagem, e a cada idade e geração sua fisionomia e características.”
Etiquetas: História, Shakespeare
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