quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Elementos do Teatro: o público

Ao longo da história do teatro tem mudado a valorização que se dá ao texto dramático, ao autor, aos actores, etc. O único elemento do edifício teatral que sempre se manteve com a mesma importância foi o público, razão de ser do teatro.

Para que um texto dramático se transforme em teatro é imprescindível que se represente perante um público.

O teatro nasceu do encontro do povo para celebrar os seus ritos religiosos. O público, tanto na antiguidade como actualmente, é um conjunto de pessoas que se reúne para um propósito comum: antes, para adorar o seu Deus, adorá-lo, implorar a sua benevolência; hoje, para desfrutar dum espectáculo.

Participação

O público primitivo participava activamente das cerimónias pré-teatrais, no entanto não tinha consciência de estar assistindo a uma representação. Para que se produza teatros era necessário definir os limites da relação extra-ficcional e enfrentar aqueles que actuam com aqueles que vêem.

O espectador deixou de ser participante para converter-se num consumidor teatral.



No entanto o nível de participação activa do espectador no espectáculo tem variado ao longo do tempo. O público pode manter-se comodamente sentado frente a um cenário integrado numa cena à italiana e com uma cenografia realista (teatro clássico francês, teatro realista e naturalista), ou pode ser obrigado a mover-se ao redor da cena (teatro medieval, teatro de rua) ou a preencher com a sua imaginação elementos sugeridos mas não presentes na cena (teatro simbolista). Desde o início do século XX, as tendências que reivindicam as origens rituais, míticas e lúdicos do teatro (teatro épico, do absurdo, selvagem, visual) procuram o envolvimento directo do público utilizando elementos tais como:

1. O lugar da cena e o do espectador: recupera-se a cena aberta, buscam-se novos lugares para a representação, obriga-se o público a deambular ou mover-se para seguir o espectáculo ou se transporta a acção para a zona do público.

2. O diálogo explícito: recupera-se a figura do narrador que, tal como o coro grego, se dirige ao público (teatro épico); interpela-se directamente o público, modifica-se a actuação segundo os sinais emitidos pelo público (improvisação).

3. A provocação: Não se procura apenas agradar o público, importa sobretudo despertar atitudes e sensações no público (surpresa, emoção, ligação repulsa).

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