segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O Corpo é a Casa do Espírito Humano

O corpo é a casa do espírito humano. É como corpo que nos movemos e realizamos os movimentos que nos levam à satisfação dos nossos desejos, como também à realização das nossas programações cerebrais mais íntimas e importantes. A história corporal e a história psíquica de um indivíduo estão intimamente ligadas, oferecendo resultantes comuns como, por exemplo, a produção vocal: a voz e a fala.

Há muitos detalhes que devem ser observados pelo actor em relação ao seu corpo: a postura e o perfeito equilíbrio do seu eixo corporal, a imagem corporal, o nível de tensões musculares e o seu relaxamento, o uso adequado das articulações e mais um sem fim de detalhes que podem alterar em muito a produção sonora do indivíduo. No treino do actor, todos estes detalhes devem merecer muita atenção para que a sua acção cénica seja precisa, sem desgastes energéticos desnecessários, que pouco ou nada o ajudam na sua vida e muito menos na criação de uma personagem.



O actor deve desenvolver um trabalho mais científico na sua acção cénica, no que se refere ao físico, ao vocal e ao emocional, numa programação perfeitamente prevista e desenvolvida, dentro de um projecto económico/energético que o sustente desde os ensaios até ao final da temporada teatral, sem qualquer empecilho ou desgaste nas áreas principais do seu trabalho: corpo, voz e emoção.

O projecto arquitectónico de uma personagem merece uma planificação minuciosamente cuidadosa, para que se obtenha o máximo de rendimento com o mínimo de investimento corporal, vocal e emocional. Para planificação adequada do papel a ser interpretado ou o que chamaremos de partituras cénicas do actor, deve este não só conhecer, mas vivenciar algumas leis que regem as ciências da física, da anatomia, da fisiologia e de tantas outras que só favorecerão a actividade cénica.

Percebemos em muitos actores a preocupação constante com leituras e pesquisas referentes à história do teatro e às técnicas relativas à arte de representar, o que é muito bom, mas percebemos também que tais estudos acabam ficando apenas no plano intelectual, com poucas oportunidades vivenciais. São raríssimos os actores que têm a preocupação em manter um espaço apropriado onde possam praticar os conceitos adquiridos através das leituras.

A busca da saúde do corpo é imprescindível ao actor, pois ele é um operário que tem por instrumento de trabalho a própria vida. Igualmente se recomenda a busca da calma e do equilíbrio psíquico para um trabalho efectivamente sério e de confiança. Do actor que desrespeita o seu corpo e o seu espírito, pouca arte podemos esperar.

A arte e o equilibro psico-físico andam de mãos dadas. Um actor desequilibrado por drogas, por sentimentos confusos, acaba por transmiti-los no seu trabalho, tornando-o altamente desgastante e pobre. O equilíbrio emocional faz-se necessário até mesmo para representar personagens confusas e desequilibradas.

Efectivamente, um sem fim de detalhes envolve a arte do actor, e tudo deve ser treinado incansavelmente: um corpo saudável, flexível e muito bem trabalhado; um espírito equilibrado, disciplinado, sábio; uma voz potente e fala apropriada, fruto seguro de orientação e treino constante. O actor, no seu caminho evolutivo, deve cercar-se de bons orientadores, que o ajudem na tarefa árdua de crescer como ser humano e como artista.

Texto de Eudosia Acuña Quinteiro

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