segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Contagem descrescente: os Bichos!

A segunda grande prova de fogo dos alunos do XII Curso está a caminho. Na noite do dia 03 de Março, os «bichos vão invadir a Praça Nova do Mindelo». Por enquanto, aqui fica um texto sobre este trabalho de expressão corporal, que tanto atemoriza os alunos / actores, e que depois tanta saudade deixa em quem viveu esta experiência «animalesca».



O começou por ser um exercício de teatro de rua proposto pelo encenador Cândido Ferreira, no âmbito de uma acção de formação para actores mindelenses, em 1996, acabou transformado num dos momentos mais aguardados do Março teatral de S. Vicente.

Adoptado pelos Cursos de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo - ICA, o exercício faz parte da componente de Expressão Corporal do programa do curso, e consiste na tentativa de os alunos construírem, corporalmente, um ser novo, uma espécie de híbrido entre o ser humano e um animal qualquer à escolha. "Como se comportará uma mosca, se derrepente ela acordasse com o corpo de um homem? Este é um exercício muito interessante, porque os alunos tem primeiro que desconstruir a sua própria maneira de andar, de mexer, de observar, para depois compor, com o seu próprio corpo, algo de completamente novo. Aqui o objectivo não é obrigar o actor a imitar o animal. Não. O que se pretende é que ele procure descobrir como seria esse animal se um dia acordasse com um corpo humano", explica João Branco, o coordenador dos cursos de teatro do ICA.



Os trabalhos de "composição animalesca" decorrem à várias semanas, dentro do programa das aulas, e no primeiro Sábado de Março poderemos ver esses resultados. O elemento do guarda-chuva, que sempre tem acompanhado esse estranhos seres, é uma espécie de homenagem à famosa cena dos guardas chuvas engendrada por Germano Almeida e imortalizada na tela por Francisco Manso, em "Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo". Este elemento cénico cria uma espécie de identificação e de unidade nos seres espalhados pela praça, assim como contribui para realçar o carácter surrealista da intervenção.



Quem for para a praça à procura de animais comuns, é certo que os pode encontrar, mas também está garantido que muitos dos bichos são pouco falados e deram origem a composições corporais extremamente interessantes: há dois anoa pudemos identificar passeando pela Praça Nova do Mindelo um polvo, um louva deus, uma formiga, uma aranha, uma mosca, um pinguim, um esquilo, uma doninha... No ano passado, vimos um tubarão, um corvo, uma minhoca ou um elefante.

Como será em 2007?

PS: imagens do exercício de 2006, com os alunos do XI Curso de Teatro do CCP-IC

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