sexta-feira, abril 13, 2007

Técnica Vocal: o reflexo respiratório

COMO RESPIRAR

O segredo é encontrar o que se chama o reflexo respiratório, que é pessoal e intransmissível, isto é, cada indivíduo tem o seu.



O exercício é realizado estando o actor sentado no chão, sobre um colchão ou na sua cama. Deve estar com as pernas estiradas e levemente afastadas, mantendo os olhos fechados.

De maneira delicada, unir os dedos de cada mão uns aos outros e depois colocá-los subtilmente sobre os ombros, sem exercer qualquer pressão. O actor deve permanecer por alguns instantes observando a soltura dos músculos das pernas e das costas e o aparecimento da alteração respiratória. Ele deve deixar o corpo bem à vontade, para que realize o movimento que desejar. A manifestação mais comum é a queda do tronco em direcção ao solo, daí a recomendação de realizar o exercício na cama ou num colchão.

Além do relaxamento muscular que o exercício provoca, o facto que mais interessa é a deflagração do reflexo respiratório, que ocorre da maneira ideal para o trabalho respiratório do actor. Assim que começamos a utilizar este exercício com os actores, a compreensão do acto respiratório tornou-se bem mais rápida, evitando-se discussões desnecessárias, pois a vivência economiza inúmeros argumentos, facto de que o paciente actor gosta muito, mesmo quando desprovido de qualquer fundamentação teórica. O actor costuma desperdiçar, um tempo precioso, que poderia estar sendo usado no fazer, no treinar, enfim, no aprimoramento da sua técnica vocal.

Para alegria nossa, a instalação do acto respiratório ficou bem tranquila, pois simplesmente pedimos ao actor que humilde e pacientemente observe a proposta orgânica e aprenda com o organismo a melhor maneira de respirar.

Tem-se observado que os actores costumam usar muito ar durante a representação teatral e estão sujeitos a uma «pressão vento» alta. Tal pressão, feita pela base pulmonar, quando sobrecarregada pelo excesso de ar, dificulta o controle da fala do actor, pois não é nada fácil lidar com a pressão vento dentro do tubo laríngeo e, via de regra, o actor acaba desenvolvendo toques bruscos com suas cordas vocais durante o acto da fala. Tentando inutilmente controlar tal pressão aérea, acaba contraindo toda a região do pescoço e, às vezes, também os ombros e a face, conseguindo apenas produzir sons desagradáveis provenientes de gargantas raspadas, o que na grande maioria das vezes conduz à rouquidão.

A proposta é no sentido de que o actor aprenda a trabalhar a sua fala com pouco ar, controlando assim a pressão aérea dentro de si, inspirando pouco ar, obedecendo aos parâmetros propostos pelo reflexo respiratório e subdividindo esse pouco ar pelas suas necessidades de fala.

O reflexo respiratório é pessoal, intransferível e único.

Fonte: «Estética da Voz», de Eudosia Acuña Quinteiro

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